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terça-feira, 21 de outubro de 2008

Richard Wagner (1813-1883)




Nenhuma melodia me diz tanto quanto esta. Melhor, nunca nenhuma melodia me disse tanto quanto a do “Idílio de Siegfried”. Este idílio enquadra-se perfeitamente naquele estilo wagnariano que todos os amantes de música aprendem a reconhecer e a apreciar: melodias intensas e ao mesmo tempo de uma subtileza quase desconcertante e de um romantismo de fazer corar o mais duro e frio dos corações. Richard Wagner nasceu na “oriental” cidade de Leipzig em Maio de 1813 e não nasceu tanto alemão quanto gostaria porque na altura a Alemanha não passava de um monte de retalhos que mais tarde Bismarck haveria de cozer e fazer nascer assim uma grande obra de tapeçaria chamada “Império Alemão”.

Esta inspiração nacionalista aliada a um profundo interesse pela mitologia germano-nórdica, influenciou decisivamente a obra de Wagner. A sua obra-prima, a tetralogía “O Anel dos Nibelungos” é o exemplo mais flagrante. Com esta obra, Wagner pretende deixar a nu os defeitos quase “humanos” do panteão nórdico, principalmente do seu deus supremo Odin (representado por Wotan durante a obra) que graças à sua avareza e falta de palavra haveria de levar à irremediável destruição do mundo dos deuses no dia do crepúsculo (Götterdämmerung) e assim dar lugar ao mundo dos mortais. Esta obra serve também para homenagear o grande herói Siegfried, uma espécie de Aquiles nórdico que apenas foi vencido pelo seu ponto fraco. A Tetralogia divide-se nas seguintes óperas: “O Ouro do Reno” (Das Rheingold), “A Valquíria” (Die Walküre), “Siegfried” e finalmente “O Crepúsculo dos Deuses” (Götterdämmerung).

Ideologicamente, Wagner é, ainda hoje, uma personagem polémica. A sua postura anti-semita granjeou-lhe a fama de “primeiro Nazi da história”, cerca de 80 anos antes de Adolf Hitler. Nas suas óperas “Parsifal” e “Os Mestres cantores de Nuremberga” (Die Meistersinger von Nürnberg) é visível essa sua posição, sendo a abertura da segunda utilizada por Hitler como música de fundo para a propaganda Nazi. Segundo esta interpretação, Mime e Alberich em "O Anel dos Niebelungos" e Kundry e Klingsor em “Parsifal”, são caricaturas anti-semitas. Mime diz "Eu tenho o maior cuidado para esconder hipocritamente os meus pensamentos íntimos". A figura de Mime, o seu próprio nome (mime, mimetos significa "imitação" em grego), deveriam sugerir a ideia de que os judeus só são capazes de imitar e que corrompem a linguagem. Albericht sonha com o poder. Ambos perecem miseravelmente. O Anel dos Niebelungos, embora sua a acção não seja ligada ao Cristianismo, é interpretado como uma ilustração do desenvolvimento anterior, presente e futuro da humanidade, usando elementos da mitologia nórdica, traçando vários paralelismos com livros da Bíblia como o Génesis (equivalente à ópera O Ouro do Reno) e o Apocalipse (equivalente à ópera O Crepúsculo dos Deuses). Esta posição faz com que a obra wagneriana seja recusada por uma das mais célebres orquestras mundiais: A IPO (Israel Philarmonique Orchestra).

Quando Richard Wagner morreu, em Fevereiro de 1883, o mundo da música perdeu um dos seus maiores génios que, simultaneamente, foi compositor, poeta, ensaísta e inventor.

Polémicas à parte, o mundo da música agradece o seu contributo!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

A ultima vez

A ultima vez

Anda, vem te sentar
Aqui junto a mim,
Não temas por te amar
Porque jamais deve assustar
Quem ama alguém assim.

Dá-me a tua mão
Cuja alva doçura
Me tocou no coração,
Tirando-o do chão
Enchendo-o de ternura.

Partilhemos derradeiramente
As nossas angustias e preocupações,
Porque um dia, verdadeiramente,
Tentando findá-las para sempre
O fizemos lavando nossas desilusões.

Nossas mãos estão unidas
E sentem que pela ultima vez
Serão, uma pela outra, aquecidas.
Nossas caras jamais serão esquecidas
Meus olhos embaciaram, como vês.


E para sempre te recordarei
Toquemo-nos, por fim com fervor.
Eternamente em mim guardarei,
O momento em te que beijei
Pela última vez, meu amor.